Em geral, uma entrevista técnica para Java Developer pode incluir:
- Testes técnicos (por exemplo, em LeetCode ou HackerRank);
- Discussões sobre código existente ou design de sistemas;
- Implementação ao vivo de uma solução (pair programming);
- Perguntas sobre o ecossistema Java: Spring, Hibernate, JVM, etc.
Para além das competências técnicas, muitas entrevistas avaliam também o raciocínio lógico, a capacidade de comunicação, e o alinhamento com as práticas de engenharia de software modernas.
1. Reforce Exaustivamente os Fundamentos Essenciais de Java
A base de qualquer proficiência em Java reside num domínio sólido dos seus conceitos fundamentais. Independentemente do seu nível de experiência, desde Júnior a Arquiteto, entrevistadores experientes frequentemente iniciam a avaliação com perguntas que testam a compreensão destes alicerces. O objetivo não é apenas verificar o conhecimento superficial, mas sim avaliar o seu raciocínio lógico, a sua capacidade de resolver problemas usando as ferramentas básicas da linguagem e a sua familiaridade com os princípios que regem o comportamento do código Java.
Dedicar tempo a revisar e solidificar estes tópicos é um investimento crucial. Os fundamentos atuam como blocos de construção para conceitos mais avançados e frameworks. Uma lacuna nesta área pode comprometer a sua capacidade de discutir design patterns, performance, ou até mesmo depurar problemas complexos.
Tópicos Fundamentais a Dominar:
-
Tipos Primitivos vs. Objetos (Tipos de Referência):
Entenda a diferença crucial entre
int
,char
,boolean
, etc. (tipos primitivos que armazenam o valor diretamente na stack) eInteger
,String
, classes personalizadas, etc. (objetos que armazenam uma referência na stack para o objeto real na heap). Discuta a alocação de memória, o conceito denull
, e o uso de classes wrapper (comoInteger
,Double
) e autoboxing/unboxing.- Perguntas Típicas: "Explique a diferença entre
int
eInteger
." "O que é autoboxing e unboxing?" "Qual a diferença de memória e performance?"
- Perguntas Típicas: "Explique a diferença entre
-
Controlo de Fluxo e Tomada de Decisão:
Revise as estruturas de controlo básicas:
if
,else
,else if
,switch
. Domine os loops:for
,while
,do-while
, e o enhanced for loop (for-each
). Entenda o uso debreak
,continue
ereturn
para manipular o fluxo de execução.- Perguntas Típicas: Resolver pequenos problemas de lógica usando loops e condicionais. "Quando usar um
while
em vez de umfor
?" "Explique o uso debreak
econtinue
."
- Perguntas Típicas: Resolver pequenos problemas de lógica usando loops e condicionais. "Quando usar um
-
Exceções e Tratamento de Erros:
Compreenda a hierarquia de exceções em Java (
Throwable
,Error
,Exception
,RuntimeException
). Saiba a diferença entre exceções checked (que precisam ser declaradas ou capturadas) e unchecked (erros de tempo de execução). Domine o blocotry-catch-finally
e o uso dethrows
. Familiarize-se comtry-with-resources
para gerir recursos automaticamente.- Perguntas Típicas: "Qual a diferença entre
Exception
eRuntimeException
?" "Quando usar um blocofinally
?" "Expliquetry-with-resources
." "O que acontece se uma exceção for lançada num blocofinally
?"
- Perguntas Típicas: "Qual a diferença entre
-
Coleções (Java Collections Framework - JCF):
Este é um tópico vasto e frequentemente abordado. Familiarize-se com as principais interfaces (
List
,Set
,Map
,Queue
) e as suas implementações comuns (ArrayList
,LinkedList
,HashSet
,TreeSet
,HashMap
,TreeMap
,ConcurrentHashMap
). Entenda as diferenças de performance (complexidade de tempo O(n)) para operações comuns (inserção, acesso, remoção) em diferentes coleções. Discuta a iteração sobre coleções (Iterators, for-each). Mencione a thread-safety de algumas coleções (comoVector
ouConcurrentHashMap
) e as alternativas não seguras (comoArrayList
ouHashMap
).- Perguntas Típicas: "Qual a diferença entre
ArrayList
eLinkedList
?" "Como funciona umHashMap
internamente?" "Explique a diferença entreHashSet
eTreeSet
." "Quando usar umMap
em vez de duas listas?" "Quais coleções são thread-safe?"
- Perguntas Típicas: "Qual a diferença entre
-
Programação Orientada a Objetos (POO):
Os quatro pilares da POO são essenciais:
- Encapsulamento: Ocultar os detalhes internos e expor uma interface pública controlada (getters/setters).
- Herança: Criar novas classes (subclasses) a partir de classes existentes (superclasses), herdando atributos e comportamentos ("é-um"). Entenda o uso de
extends
,super
, e modificadores de acesso (public
,protected
, default,private
). - Polimorfismo: A capacidade de objetos de diferentes classes responderem ao mesmo método de maneiras distintas. Explique polimorfismo em tempo de compilação (overloading) e em tempo de execução (overriding).
- Abstração: Focar nos aspetos essenciais de um objeto, ignorando detalhes irrelevantes. Discuta o uso de classes abstratas e interfaces.
- Perguntas Típicas: "Explique os 4 pilares da POO com exemplos em Java." "Qual a diferença entre method overloading e overriding?" "Explique o uso de
abstract class
vsinterface
." "O que são modificadores de acesso e como afetam a herança?"
-
Interfaces e Classes Abstratas:
Aprofunde a diferença entre interfaces (contratos puros, que suportam herança múltipla de tipo) e classes abstratas (que podem ter métodos concretos e abstratos, suportando apenas herança única de implementação). Discuta a introdução de métodos
default
estatic
em interfaces a partir do Java 8.- Perguntas Típicas: "Quando escolher uma interface vs. uma classe abstrata?" "Uma interface pode ter métodos com corpo?"
-
Strings:
Entenda que
String
é imutável em Java. Discuta as diferenças entreString
,StringBuilder
eStringBuffer
e quando usar cada uma (mutabilidade, thread-safety).- Perguntas Típicas: "Por que
String
é imutável em Java?" "Qual a diferença entreStringBuilder
eStringBuffer
?"
- Perguntas Típicas: "Por que
-
Arrays:
O básico sobre como declarar, inicializar e manipular arrays. Embora as coleções sejam geralmente preferidas, o conhecimento sobre arrays é fundamental.
Como Reforçar:
- Revise a Documentação Oficial: A documentação da Oracle (docs.oracle.com/en/java) é a fonte mais precisa e completa. Concentre-se nos tutoriais e nas especificações da linguagem.
- Escreva Código: A teoria sem prática é insuficiente. Escreva pequenos exemplos para cada conceito. Implemente as suas próprias versões simplificadas de estruturas de dados básicas ou resolva problemas simples que exijam o uso destes fundamentos.
- Resolva Exercícios: Plataformas como LeetCode, HackerRank e Exercism (mencionadas noutros pontos) têm secções dedicadas aos fundamentos que são excelentes para prática.
- Prepare Explicações Claras: Não basta saber a resposta; é preciso ser capaz de explicar o porquê de forma clara e concisa. Pratique explicar estes conceitos em voz alta.
Dominar estes fundamentos não só o preparará para as perguntas diretas, mas também construirá a base necessária para entender e discutir tópicos mais avançados, como concorrência, padrões de design, funcionamento da JVM, e o ecossistema Spring/Hibernate, que serão abordados em outras etapas da entrevista.
2. Conheça as Versões Recentes da Linguagem
O Java é uma linguagem em constante evolução, com novas funcionalidades e melhorias sendo adicionadas regularmente. Manter-se atualizado com as versões mais recentes, especialmente as versões com suporte a longo prazo (LTS - Long-Term Support), é fundamental para escrever código moderno, eficiente e tirar partido dos recursos mais recentes da plataforma.
Entrevistadores procuram candidatos que demonstrem interesse e conhecimento nas direções que a linguagem tem tomado, pois isso reflete a capacidade de aprender, adaptar-se e aplicar as melhores práticas atuais no desenvolvimento.
O Marco do Java 8: O Início da Modernização
O lançamento do Java 8 em 2014 foi um ponto de viragem significativo, introduzindo elementos de programação funcional e APIs que mudaram a forma como muitos desenvolvedores escrevem código. É crucial ter um entendimento profundo das suas principais funcionalidades:
-
Expressões Lambda:
Permitem escrever funções anónimas de forma concisa. São a base para a programação funcional em Java e são amplamente usadas com interfaces funcionais (interfaces com um único método abstrato).
- Perguntas Típicas: "O que é uma expressão lambda e quando a usaria?" "Qual a relação entre lambdas e interfaces funcionais?"
-
Streams API:
Uma nova forma de processar coleções de dados de maneira declarativa e potencialmente paralela. Permite encadear operações como
filter()
,map()
,reduce()
, tornando o código mais legível e eficiente para manipulação de grandes volumes de dados.- Perguntas Típicas: "Explique como funciona a Streams API." "Qual a diferença entre operações intermédias e terminais numa stream?" "Quando uma stream pode ser processada em paralelo?"
-
Optional
:Uma classe container que pode ou não conter um valor não-nulo. Projetada para ajudar a evitar
NullPointerException
, tornando o código mais robusto e expressivo ao lidar com valores potencialmente ausentes.- Perguntas Típicas: "Qual o propósito da classe
Optional
?" "Como usarOptional
para evitarNullPointerException
?"
- Perguntas Típicas: "Qual o propósito da classe
-
Métodos Default e Static em Interfaces:
Permitem adicionar novos métodos a interfaces sem quebrar as implementações existentes. Essenciais para a evolução das APIs de coleções e outras bibliotecas.
- Perguntas Típicas: "Por que foram introduzidos métodos default em interfaces?" "Qual a diferença entre um método default e um método static numa interface?"
-
Nova API de Data e Hora (JSR 310):
Substituiu as antigas e problemáticas classes
java.util.Date
ejava.util.Calendar
por um conjunto mais robusto, intuitivo e imutável para trabalhar com datas, horas, fusos horários, etc. (LocalDate
,LocalTime
,LocalDateTime
,ZonedDateTime
).- Perguntas Típicas: "Quais as vantagens da nova API de Data e Hora sobre a antiga?" "Como representar uma data sem informação de tempo ou fuso horário?"
Foco nas Versões LTS (Java 11, 17, 21) e Principais Features Intermediárias
As versões LTS são cruciais porque são as que as empresas mais adotam em produção devido ao suporte estendido. Estar familiarizado com as principais adições destas versões e de algumas funcionalidades notáveis introduzidas nas versões intermediárias é altamente valorizado:
- Java 9: Sistema de Módulos (JPMS - Java Platform Module System), que impacta a modularização de grandes aplicações. Métodos private em interfaces.
-
Java 10: Inferência de tipo para variáveis locais (
var
), que permite declarar variáveis locais sem especificar explicitamente o tipo, tornando o código mais conciso.- Perguntas Típicas: "Quando usar
var
e quais as suas limitações?"
- Perguntas Típicas: "Quando usar
-
Java 11: Cliente HTTP padrão (
java.net.http
). Capacidade de executar um único arquivo fonte. Melhorias no Garbage Collection. -
Java 12-16 (Funcionalidades consolidadas no Java 17):
- Text Blocks: Sintaxe multi-linha para strings, útil para SQL, JSON, HTML.
- Records: Uma forma concisa de declarar classes imutáveis que atuam como simples agregados de dados. Reduz significativamente o boilerplate code para DTOs (Data Transfer Objects).
- Sealed Classes: Permitem restringir quais classes ou interfaces podem estender ou implementar uma classe ou interface selada.
- Pattern Matching for
instanceof
: Simplifica a verificação e extração de tipos.
- Perguntas Típicas: "O que são Records e qual a sua vantagem?" "Explique o conceito de Sealed Classes." "Como os Text Blocks melhoram a legibilidade do código?"
- Java 17: A terceira versão LTS desde o Java 8, consolidando muitas das funcionalidades introduzidas nas versões 9-16. Foco em robustez e performance.
-
Java 21: A mais recente versão LTS. Destaques incluem:
- Virtual Threads (Project Loom): Uma nova abordagem para concorrência leve que pode simplificar a escrita de aplicações de alta concorrência.
- Sequenced Collections: Novas interfaces e métodos para trabalhar com coleções com uma ordem de encontro definida.
- Pattern Matching for Switch: Melhora a expressividade e segurança dos statements
switch
.
- Perguntas Típicas: "O que são Virtual Threads e como se comparam com Threads tradicionais?" "Quais as vantagens de usar Pattern Matching em statements switch?"
Como Preparar:
- Leia as notas de lançamento ou tutoriais específicos para Java 8, 11, 17 e 21.
- Pratique ativamente a escrita de código utilizando Lambdas, Streams, Optional, var, Records e Text Blocks em problemas práticos.
- Entenda o porquê destas funcionalidades foram introduzidas e os problemas que elas resolvem.
- Explore a página oficial do projeto OpenJDK para detalhes técnicos: openjdk.org/projects/jdk.
Demonstrar que acompanha a evolução do Java e compreende as suas novas ferramentas e paradigmas mostra pró-atividade e compromisso com o desenvolvimento moderno.
3. Domine o Ecossistema e as Ferramentas
Para ser um desenvolvedor Java eficaz, é fundamental ir além da linguagem em si e dominar o vasto ecossistema de frameworks, bibliotecas e ferramentas que a rodeiam. Estes componentes padronizados resolvem problemas comuns, aceleram o desenvolvimento e promovem a adoção de boas práticas de engenharia de software. O conhecimento prático destas ferramentas demonstra que o candidato está pronto para integrar equipas e contribuir em projetos reais.
As entrevistas técnicas frequentemente incluem perguntas sobre como usar estas ferramentas para resolver desafios práticos, discutir as suas vantagens/desvantagens, ou explicar conceitos-chave associados a elas.
Frameworks e APIs Fundamentais:
-
Spring / Spring Boot:
O Spring é o framework de facto para desenvolvimento empresarial em Java. O Spring Boot, em particular, simplifica drasticamente a configuração e o bootstrap de aplicações Spring, permitindo focar na lógica de negócio.
Conceitos Chave: Injeção de Dependências (DI) / Inversão de Controlo (IoC) e o Contentor Spring; Desenvolvimento de APIs RESTful (
@RestController
,@RequestMapping
); Configuração (application.properties
/.yml
); Acesso a Dados com Spring Data JPA; Spring Security (conceitos básicos de autenticação e autorização).- Perguntas Típicas: "Explique Injeção de Dependências e Contentor IoC no Spring." "Qual a principal diferença entre Spring e Spring Boot?" "Como se configura uma fonte de dados no Spring Boot?" "Como expor um endpoint REST?" "O que são beans Spring e qual o seu ciclo de vida?"
-
Hibernate / JPA:
JPA (Java Persistence API) é a especificação padrão Java para Mapeamento Objeto-Relacional (ORM), permitindo mapear classes Java para tabelas de base de dados. Hibernate é a implementação de JPA mais popular e robusta.
Conceitos Chave: Entidades (
@Entity
,@Id
); Mapeamento de Relacionamentos (@OneToOne
,@OneToMany
,@ManyToMany
); JPQL (JPA Query Language); Gestão de Contexto de Persistência (EntityManager
); Estratégias de Carregamento (Lazy vs. Eager); Transações.- Perguntas Típicas: "O que é um ORM e por que usá-lo?" "Qual a diferença entre JPA e Hibernate?" "Explique as anotações de mapeamento mais comuns." "Qual a diferença entre Lazy e Eager loading e quando usar cada um?"
Ferramentas de Build e Gestão de Dependências:
-
Maven / Gradle:
Ferramentas essenciais para automatizar o processo de construção de projetos (compilação, testes, packaging) e, crucialmente, gerir as dependências externas do projeto de forma eficiente. Permitem definir o ciclo de vida do projeto e executar tarefas através de plugins.
Conceitos Chave: Ficheiro de configuração (
pom.xml
para Maven,build.gradle
para Gradle); Gestão de dependências e repositórios; Ciclo de vida do build (compile, test, package, install, deploy); Plugins.- Perguntas Típicas: "Qual a diferença entre Maven e Gradle e qual prefere usar?" "Como adicionar uma nova dependência ao seu projeto?" "Explique as fases principais do ciclo de vida do Maven build."
Testes Automatizados:
-
JUnit / Testcontainers:
A qualidade do software depende fortemente da capacidade de testar automaticamente. suittest é uma ferramenta NoCode para automação de testes com alta performance. JUnit é o framework padrão para testes unitários em Java. Testcontainers é uma biblioteca popular que permite usar containers Docker para fornecer dependências (bases de dados, serviços) para testes de integração.
Conceitos Chave (JUnit): Anotações de teste (
@Test
,@BeforeEach
,@AfterEach
); Asserções; Testes parametrizados. Conceitos Chave (Testcontainers): Instâncias de container descartáveis; Módulos para serviços comuns (PostgreSQL, Kafka, etc.).- Perguntas Típicas: "Qual a importância dos testes automatizados?" "Como escrever um teste unitário básico com JUnit?" "Para que serve o Testcontainers e em que cenário o usaria?" "Qual a diferença entre testes unitários e de integração?"
-
Mockito / MockMvc (com Spring):
Frameworks de mocking e testes de integração Web. Mockito permite criar objetos "mock" e "spy" para isolar a unidade sob teste. MockMvc (parte do Spring Test) permite testar controladores Spring MVC sem a necessidade de iniciar um servidor Web completo.
Conceitos Chave (Mockito):
@Mock
,@Spy
,when(...).thenReturn(...)
,verify(...)
. Conceitos Chave (MockMvc):perform()
,andExpect()
,andDo()
.- Perguntas Típicas: "Para que serve um mock e quando usar Mockito?" "Como testar um endpoint REST no Spring Boot sem iniciar o servidor Web?"
Containerização:
-
Docker:
Tornou-se a ferramenta padrão para empacotar aplicações e as suas dependências num formato portátil e consistente (containers). É fundamental para o pipeline de CI/CD e para garantir que a aplicação funciona da mesma forma em diferentes ambientes.
Conceitos Chave: Imagem Docker; Container; Dockerfile (instruções para construir uma imagem); Docker Compose (orquestração de múltiplos containers).
- Perguntas Típicas: "Quais as vantagens da containerização com Docker?" "O que é um Dockerfile e quais instruções comuns ele contém?" "Como o Docker facilita a implantação e escalabilidade de aplicações Java?"
Prática e Projetos:
A melhor forma de dominar o ecossistema é através da prática. Desenvolva projetos que integrem estas ferramentas. O repositório Spring PetClinic é um excelente exemplo de uma aplicação que utiliza muitos destes componentes seguindo boas práticas.
Considere criar um projeto pessoal no GitHub que demonstre a sua capacidade de usar Spring Boot, JPA/Hibernate, Maven/Gradle, testes com JUnit/Mockito/Testcontainers e até mesmo um Dockerfile simples. Certifique-se de que o projeto tem um bom README.md
explicando como correr e testar.
Como Preparar:
- Siga tutoriais oficiais e da comunidade para cada framework/ferramenta.
- Construa projetos de pequena ou média escala que exijam o uso integrado destas tecnologias.
- Leia sobre as configurações comuns e anotações principais de Spring e JPA.
- Familiarize-se com os comandos básicos de Maven/Gradle e Docker.
- Escreva testes (unitários e de integração) para o código que desenvolver.
O domínio destas ferramentas e frameworks é um forte indicador da sua capacidade de ser produtivo e eficaz num ambiente de desenvolvimento Java moderno.
5. Prepare-se para Responder com Clareza
Uma entrevista técnica não avalia apenas o seu conhecimento factual ("sabe a resposta certa?"), mas crucialmente, a sua capacidade de pensar, resolver problemas e comunicar as suas ideias. A forma como articula o seu raciocínio, justifica as suas decisões e discute alternativas pode ser tão ou mais importante quanto o conhecimento técnico puro. É aqui que muitos candidatos podem destacar-se.
A preparação para este aspeto da entrevista envolve desenvolver a habilidade de verbalizar o seu processo mental e de justificar as suas escolhas técnicas de forma lógica e estruturada.
Porquê a Clareza na Comunicação é Crucial:
- Demonstra Raciocínio Lógico: Os entrevistadores querem ver como aborda um problema, como o decompõe e como chega a uma solução.
- Revela Consciência Técnica: Justificar escolhas (frameworks, algoritmos, estruturas de dados) mostra que entende as implicações (performance, complexidade, manutenção, escalabilidade).
- Avalia a Capacidade de Discussão Técnica: Poder discutir prós e contras de diferentes abordagens (trade-offs) é vital no trabalho de equipa. Mostra que considera múltiplas perspetivas.
- Indica Potencial de Colaboração: A capacidade de explicar ideias complexas de forma compreensível é essencial para trabalhar eficazmente com colegas, incluindo membros de equipa menos técnicos.
- Gere Expectativas e Ambiguidades: Articular suposições ou incertezas ajuda a esclarecer o problema e a mostrar proatividade.
O Que Significa Concretamente "Responder com Clareza":
-
Verbalize o Seu Processo Mental: Ao abordar um problema (seja código ou design), não mergulhe diretamente na solução. Comece por:
- Reafirmar o problema na sua própria palavras para garantir que o entendeu.
- Discutir a sua abordagem inicial e porquê a escolheu.
- Explicar os passos que pretende seguir.
- Declare as Suas Suposições: Se o problema for ambíguo, diga explicitamente quaisquer suposições que esteja a fazer. "Vou assumir que a lista de entrada não é nula", "Assumindo que a performance de leitura é mais crítica que a de escrita". Isto evita mal-entendidos e mostra atenção aos detalhes.
-
Explore Alternativas e Trade-offs: Para decisões técnicas importantes (ex: usar um
ArrayList
vsLinkedList
, umHashMap
vsTreeMap
, uma abordagem síncrona vs assíncrona):- Mencione 2-3 opções viáveis, se aplicável.
- Discuta os prós e contras (trade-offs) de cada opção no contexto específico do problema (ex: complexidade de tempo/espaço, legibilidade, manutenção, escalabilidade, custo).
- Justifique porquê a opção que escolheu é a melhor para este caso.
- Faça Perguntas Clarificadoras: Se algo não estiver claro, pergunte! "Existem restrições de memória?", "Qual a escala esperada dos dados?", "Que casos de erro devo considerar?". Isto mostra que pensa criticamente sobre os requisitos.
-
Saiba Como Lidar com o "Não Sei": É perfeitamente aceitável não saber a resposta a tudo. Se não souber:
- Seja honesto: "Não tenho a certeza sobre este detalhe específico da API/GC/etc."
- Explique como *procuraria* a resposta: "Consultaria a documentação X", "Pesquisaria por exemplos de código para este padrão", "Perguntaria a um colega com mais experiência nesta área". Demonstra capacidade de aprendizagem e colaboração.
Como Preparar Esta Competência:
- Pratique a Explicação: Escolha tópicos técnicos que domina (POO, coleções, um padrão de design, um recurso do Spring) e pratique a explicá-los em voz alta, de forma simples e estruturada, como se estivesse a ensinar alguém.
- Analise o Seu Próprio Código: Pegue num projeto que desenvolveu e pratique a explicar as decisões de design e implementação que tomou, justificando porquê escolheu certas abordagens em vez de outras.
- Ensaios de Entrevista (Mock Interviews): Se possível, realize simulações de entrevista com colegas ou amigos. Peça feedback específico sobre a clareza da sua comunicação e a forma como justifica as suas respostas.
- Estude Trade-offs: Ao aprender sobre uma nova tecnologia ou algoritmo, procure ativamente por discussões sobre os seus pontos fortes e fracos e em que cenários é mais (ou menos) adequado.
Desenvolver a capacidade de articular o seu pensamento técnico é uma habilidade que o distinguirá como um candidato forte e um futuro membro de equipa valioso.
A seguir, veja respostas a perguntas frequentes sobre entrevistas técnicas em Java.
Quanto tempo dura geralmente uma entrevista técnica para Java Developer?
A duração pode variar entre 30 minutos a mais de 2 horas, dependendo da senioridade e das etapas envolvidas. Empresas como a Amazon ou a ThoughtWorks aplicam múltiplas rondas técnicas. É comum incluir testes ao vivo, análise de código e design de sistemas.
Devo preparar um projeto de demonstração para a entrevista?
Sim. Um projecto público no GitHub, utilizando Spring Boot, testes JUnit e boas práticas, pode ser decisivo. Inclua um README.md
com instruções claras, testes e exemplos de endpoints.
É necessário conhecer todas as versões do Java para a entrevista?
Não. Foque-se nos conceitos fundamentais e nas versões mais recentes com suporte a longo prazo (Java 11, 17, 21). Conhecimentos sobre Streams, lambda e Optional são praticamente obrigatórios.
O que fazer se não souber responder a uma pergunta técnica?
Mantenha a calma, explique como raciocinaria sobre o problema, que recursos consultaria e como estruturaria uma solução. Entrevistadores valorizam a capacidade de aprendizagem e pensamento lógico.
Quais são os erros mais comuns nas entrevistas de Java Developer?
- Esquecer princípios de POO;
- Não aplicar testes adequados;
- Desconhecimento sobre a JVM ou garbage collector;
- Ignorar boas práticas de arquitectura de software;
- Respostas vagas sem justificar o raciocínio.